sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Amamentação - parte II

Continuando...

Sentei de frente para a Bia e ela começou a ordenhar o peito esquerdo, o que estava mais machucado. Sinceramente, a partir daqui, eu só lembro de flashes: da Angelina mamando no copinho; que eu falava coisa com coisa; da dor nos seios; da Bia me acalmando; do Arthur olhando pra mim, me passando força, mas com os olhos bem assustados.

Lembro da Bia me falando de Deus. Me falando dos problemas que ela teve pra amamentar o filho dela. As meninas prepararam um isopor com vidros de leite, que eu havia doado para o Banco de Leite, para eu levar pra casa e amamentar a Angelina no copinho. Depois de mais de duas horas, a Bia resolveu me levar para o Pronto Socorro do Hospital Universitário. Ela não quis deixar eu ir embora, já que a febre não baixava. Eu nunca tinha ido ao PS do HU. Só tinha visto pela TV. A Bia pegou no meu braço, me amparando como uma mãe e conseguiu que a ginecologista de plantão me atendesse. O Arthur carregava nossa neném, a bolsa e o isopor com o leite.

Minha febre estava em 38,5º. O vômito e a diarreia tinha cortado. A ginecologista me examinou, inclusive os pontos da laceração. Estava ok. A médica perguntou se eu tomava algum medicamente e eu expliquei da Artrite. Ela receitou soro e vitaminas para eu tomar na veia no PS e mandou eu procurar a reumato e o meu médico. Eu falei pro Arthur ir embora, mas ele queria ficar ali, me acompanhando. Ele conhece o meu pavor de agulha.

Por conta da artrite, um mês sim outro não, eu tenho que fazer exames de sangue e isso dói! É horrível a agulhada. Então o Arthur ficou ali, para segurar a minha mão, caso fosse necessário. Eu olhava da enfermeira para o litro de soro, do soro para o meu marido segurando a nossa filha. Olhava em volta, aquela correria de gente no PS.

Deus do céu! O que estava por vir, eu me perguntava. Quando a enfermeira puncionou minha veia, mais lágrimas desceram. Pedi mais uma vez pro Arthur ir embora com a Angelina. eu não queria que ele, muito menos ela, ficassem ali, arriscando pegar alguma doença. Vi aquele homem daquele tamanho, com um pacotinho enrolando em uma manta nos braços. Pedi para ele ir embora para cuidar dela. No fundo eu queria companhia, mas a razão falava mais alto e finalmente o convenci. Ele foi embora com a Angelina.

A enfermeira me levou para um leito. No quarto onde fui acomodada, tinha umas 13 mulheres. Algumas com acompanhante, que sentavam na beirada da maca ou no chão. Eu ainda sentia frio. Lembrei que não havia comido nada. Já eram quase 11 horas. Pedi a uma enfermeira se ela conseguia um copo de leite com café pra mim. Ela disse que iria tentar. Voltou uns 20 minutos depois e eu tomei aquele leite, como se fosse água no deserto. Deitei e o soro, juntamente com a vitamina me fizeram adormecer.

Acordei cerca de duas horas depois. Me sentia melhor. Liguei para o Arthur, já passava de meio-dia. Procurei uma enfermeira para chamar o médico e pedir alta. Queria ver minha pequena. O residente que me atendeu junto com a médica, foi um fofo! Perguntou se eu estava melhor, respondi que sim. Ele segurou minha mão e disse "força!". Disse para a enfermeira tirar a agulha da minha veia e me liberar. O marido já estava lá fora me esperando. A Angelina tinha ficado com minha mãe em casa. A orientação era pra eu procurar meus médicos.

No que saí, encontrei o Arthur com um sorriso, mas vi, pelo olhos inchados, que ele tinha chorado. Beijou minha testa e fomos para casa. Vi minha pequena. Que saudades da minha filha! Daí bateu a preocupação novamente: como ela vai mamar? Os seios explodindo, mas somente o lado direito eu poderia amamentar. Liguei para o Dr. Edson e ele me passou remédios para dor e febre. Liguei para pediatra que pegou a Angelina no hospital e expliquei a situação, ela mandou dar NAN. Aí o mundo caiu de vez!!!

COMO ASSIM, EU QUE TIVE UM PARTO PERFEITO, IRIA DAR NAN PRA MINHA FILHA???

Foi quando minha mãe, com toda sua sabedoria, cansada de ver a filha sofrer, me disse: "tem mulher que amamenta, tem mulher que não. Vamos comprar o leite pra Angelina!" Eu ainda fiquei relutante, não me conformava. E o marido deu a chapuletada que eu precisava: "Você não é mãe BabyCenter! Pára de se torturar!" Daí meu irmão passou na farmácia e comprou a lata de leite pra gente. Meus irmãos tem papel fundamental nisso, pois os três, procuraram ajudar de todas as formas possíveis. Sendo me abraçando, sendo comprando leite, ou uma palavra amiga.

O restante da tarde alternei entre o leite que eu havia trazido do Banco de Leite e o NAN. A Bruna havia dado de presente para a Angelina, um copo de treinamento. A intenção era ser utilizado, quando eu voltasse a trabalhar. Mas, nesse dia, colocamos em ação e a pequena entendeu o espírito da coisa, rapidamente.



Minha super cunhada, a Sinara, que tem a fofurinha da Júlia, na época com cinco meses, veio em casa a noite e amamentou minha filha. Como isso me fez bem, ver minha filha sendo alimentada. Mas, como isso doeu, vendo meus seios vazando leite, mas eu sem força pra colocá-la no peito. A Angelina mamou na tia dela até dormir. Minha cunhada foi super, não tenho como agradecer... sem contar que ela ainda se ofereceu, para vim mais vezes amamentar a pequena. Eu só agradeço!

No sábado, foi a vez da Bruna emprestar os peitos. Minha amiga, minha GRANDE amiga, veio de Campo Mourão e passou o dia aqui, cuidando do Pedro, meu afilhado de 1 ano e 10 meses que ela amamenta até hoje, e amamentou a Angelina. Ela que, até então, não conhecia a pequena, conheceu da melhor forma possível. Tiramos uma foto dela, em um momento a tarde, que acabou amamentando os dois <3


E foi assim, que uma nova fase começou comigo, o Arthur e a Angelina. Na segunda-feira marquei consulta com minha reumatologista e ela me explicou, que a artrite reumatoide, durante a gravidez, ela dá uma trégua. Em compensação, depois que o neném nasce, é como se desse um "start" e a doença diz "posso atacar!" e foi o que aconteceu comigo. A médica me receitou metrexato, hidroxicloroquina e predinisona para dar uma "sossegada" na doença e aí, foi por água abaixo a amamentação da minha filha.

Como me senti? Uma bosta! Mas, o que me ajudou a entender e aceitar um pouco mais a situação, foram as palavras da minha mãe de meu marido, que quando eu vou vacilar e ficar triste, cada vez que alguém me pergunta por que eu não amamento, eu lembro deles dois. As pessoas que me amam e que me deram a sacudida na hora certa.


sábado, 11 de janeiro de 2014

Três meses, 6,330kg e 62cm de pura felicidade!

Estou bem atrasada com este post, mas sempre há tempo para comemorar. Nossa princesa fez três meses dia 4 de janeiro.

Quando olho pra trás e lembro que demorou cinco meses, desde quando eu parei de tomar anticoncepcional, para engravidar, que foram nove meses carregando em meu ventre essa princesa, que hoje já está dando gritinhos e risadas gostosas, até ficar com soluço!

Vejo que tudo, TUDO mesmo, vale a pena. Ainda estou no forte propósito de ter mais dois filhos. O marido tá na pira junto. Por ele, já estava grávida de novo. Mas, queremos curtir cada risadinha, cada covinha, cada dobrinha, o cheirinho do suor fedidinho, que é da Angelina. Que é uma delícia!!!

Só quem é mãe e pai, sabe o que é vibrar com cada cocô, ficar feliz com um arroto e um pum! 

Tivemos consulta essa semana e ouvir do pediatra, que ela está ótima, mesmo vendo isso no dia a dia, dá mais segurança ainda e nos dá a certeza, que o caminho não são de tijolinhos dourados, mas que a gente pode pintar de colorido e ser feliz ;)

Feliz mêsversário minha, nossa princesa!!!


Amamentação - parte 1

Depois da ida no HU, tudo pareceu ficar perfeito. Eu estava conseguindo amamentar a Angelina e ainda tirava leite para doar. Quando foi na semana seguinte, tive que voltar lá, pois voltou a doer a fissura no seio. Parecia que estava pegando fogo! Minha mãe me acompanhou e novamente eu chorava de dor e de medo de não poder amamentar mais.

Fui na terça, na quarta e na quinta. Aprendi com a enfermeira-obstetra Beatriz (a Bia) a fazer o cochinho ou donut's, uma espécie de rosquinha feita com uma fralda, para colocar no seio, deixando o bico do peito livre para ventilar. O Arthur ficou craque em fazer os cochinhos para eu poder trocar.


O leite, conforme descia, escorria pela blusa, manchando sutiã, uma loucura! Era muito leite e a Angelina não dava conta de mamar tudo. Passamos mais um fim de semana "tranquilos".

No dia 16/10, a neném despertou era +/- 6h30 da manhã. Começou a briga entre nós duas: ela com fome, mas sem querer pegar o peito por inteiro, só queria o leite que escorria do bico. E eu com medo da dor de sentir ela abocanhando errado e sugando o seio fissurado. O Arthur veio tentar colocar ela no peito. A posição barriga com barriga, não dava certo, invertida também não. Cavalgada também não. Fiquei de pé e nada. Entreguei desesperada a Angelina - que gritava de fome - para o Arthur e disse que não queria amamentar mais. Eu chorava de dor, de culpa, de frustração e sei lá de mais o que.

Meu marido também começou a chorar, sem saber o que fazer, minha mãe bateu na porta e foi acalmando os três. Ela conseguiu colocar a neném no meu seio para mamar e o Arthur ficou ao meu lado, enquanto eu apertava a mão dele, a cada sugada de nossa filha. Depois, quando fui trocar de peito, começou a briga de novo. A Angelina se debatia e o seio esquerdo doía, bem mais que o direito. Dei o peito direito novamente, ela mamou e dormiu. Pedi para o Arthur ver o que tinha de errado e ele notou uma bolhinha de pus no mamilo esquerdo. Ligamos no Banco de Leite e as meninas marcaram de nos atender às 14h.

Minha mãe (Ê Dona Cida!!!) foi comigo e as enfermeiras que nos atenderam e diagnosticaram molina, uma espécie de ferida, que parece que foi tirado um pedaço. Pra mim, pareceu uma ferida de catapora. Dessas que deixam marca, sabe? Tiraram bastante leite dos dois seios, deram no copinho para a Angelina e me orientaram a dar o seio direito e só ordenhar o esquerdo, até sarar. Marcaram para eu voltar na sexta-feira, às 8h. Passei o restante da quarta-feira só amamentando do lado direito.

Na quinta-feira fui marcando as mamadas da Angelina. Não passavam de 15 minutos. Eu tenho um relógio bem de frente com a poltrona que eu sento para amamentá-la e eu ia marcando... consegui amamentar do lado esquerdo duas vezes, mas doía demais! O Arthur me ligava e perguntava como estavam as coisas e eu mentia, dizendo que estava bem, mas no fundo torcia pra ele voltar logo pra casa, pra me dar colo.

Essa foto eu tirei no período da tarde depois de uma mamadinha de 15 minutos e um banho que eu dei nela pra ver se relaxava um pouquinho minha pequena

Tenho pavor de pensar que naquele dia, minha filha passou fome. Sofro só de imaginar! Fomos dormir por volta das 23h após a mamada da Angelina. Quando foi de madrugada tive muita diarreia. Eu batia o queixo de frio. Pedia coberto e edredon para o Arthur e ele me falava que não estava frio. Falei pra ele que queria vomitar e, a sorte, é que temos um cesto de lixo no nosso quarto. Dei um pulo da cama, agarrei o cesto e vomitei. Como vomitei! Tudo que tinha no meu estômago foi embora. E continuava com diarreia e febre. Quando o dia clareou eu ainda sentia muito frio. Amamentei a Angelina e ela dormiu. Tomei banho e seguimos para o Banco de Leite. Meu marido conta que que não falava coisa com coisa. De tanto que eu delirava de febre. Estava de blusa, calça, meia e tênis, num dia de calor.

Chegamos lá e enquanto eu fiquei na recepção com a Angelina, o Arthur foi fazer a ficha. Ainda demorou algum tempo para ser atendida, mas pareceu séculos. A febre continuava e eu delirava com minha filha nos braços. O marido com uma carinha de desespero, queria me levar pra outro lugar, para um hospital. O senhor da recepção ligava no Banco de Leite para ver se eu já podia entrar, com medo deu desmaiar ali. Até que a Bia retornou a ligação e me mandou entrar.

O mesmo corredor por onde passei pela primeira vez com a Angelina nos braços, com dor nos seios, eu estava passando novamente, amparada pelo Arthur e "bem louca". Dor, febre, mal estar, vontade de vomitar, com as costas envergadas, parecendo corcunda e com medo. Muito medo. Medo da minha filha estar com fome, medo dela ficar doente por falta do meu leite, medo do meu leite estar fazendo mal à ela. Medo do marido pirar junto e não querer mais saber de mim. Sim, até isso passou pela minha cabeça. Os medos mais absurdos! Medo de perder minha filha, minha mãe, meu marido, pessoas que eu amo.

Quando a Bia me viu ficou muito preocupada, foi me acalmando, acalmando o Arthur para poder nos atender. Me troquei enquanto a Bia se preparava para examinar meu seio. Ela pediu à outra enfermeira que buscasse na maternidade um pouco de leite para poder dar à Angelina. O Arthur continuava com a neném nos braços e eu olhava os dois e chorava mais ainda!

Olha gente, quando eu falo que chorava, eu tô falando no superlativo. É muita lágrima pra uma pessoa só! Eu choro MESMO!!! Sem preguiça rsrsrsr