sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pari =)

Parece que tudo ficou em slow motion! A neném sujinha vindo pra mim, o cordão parando de pulsar para o Arthur cortar, a alegria das enfermeiras, do médico, da pediatra que veio busca-la para limpar e pesar...




Aí veio outra contração. PQP! Mas, já não nasceu? O Dr. Edson que estava enrolando o cordão pra poder puxar a placenta, disse "faz força" e eu fiz, e a placenta nasceu.

Parece que Nossa Senhora passou a mão na minha cabeça. Toda a dor, toda a ansiedade, tudo, passou.

O Edson disse "fez uma laceração". Perguntei se precisava dar ponto. Ele: "Ah... é bom". A Karen trouxe o material e levei três pontinhos.

Meu irmão apareceu na porta com a minha mãe. Ele estava com os olhos vermelhos de chorar =)

O Arthur começou a ligar pra todo mundo. Passou igual um doido pelo corredor do hospital dizendo "Nasceu, nasceu!"




Levamos bronca da tia Olga por que não avisamos antes. Na verdade, optamos por não avisar ninguém, senão ia virar uma muvuqueira, sem necessidade no hospital. Imagina eu em trabalho de parto e o telefone sem dar sossego?!

16h20m, do dia 04/10/2013, na Maternidade Santa Rita, em Maringá - PR, veio ao mundo, a hora que ela quis, do jeito que ela quis, Angelina Nascimento Belai, com 3,355kg e 50cm. Me orgulha dizer que foram oito nascimentos ocorridos neste dia. Somente o dela, um PARTO NORMAL.






Relatar, contar, falar sobre o meu parto, me faz reviver esse momento maravilhoso, tudo de novo. Só foi possível, por que o parto começou na minha cabeça, anos antes de eu engravidar. Ouvindo a voz da experiência da minha mãe, que dizia que era a melhor coisa para a mulher e para o bebê. Acompanhando e conversando com pessoas loucas e sábias como a minha amigona, Gláucia Breda, que já trabalhou com parto domiciliar e é ativista - se me permite assim dizer, do parto normal.

Foi possível por que tive um médico que me deixou ser protagonista da minha gestação e do meu parto. Por ter acreditado em mim. Vou ser sempre grata ao Dr. Edson Rudey por isso.

Meu parto foi possível, por que tive ao meu lado, durante nove meses, alguém aguentando o meu discurso, minha defesa, meu choro, minha impaciência, minhas dores, minhas manhas, meus desejos, enfim, me suportando. Como eu sempre digo, o Arthur foi Deus quem me deu e, com certeza, ele foi fundamental no meu/nosso TP. Desculpa os arranhões, os tapas no braço e os apertões nos dedos. TE AMO PAXÃO!

Eu li, estudei, me preparei, fiz exercício em casa, subi e desci escada no trabalho, e digo até que bater perna na 25 de março com a minha mãe, um mês e meio antes, ajudou no PN. Hoje, quando conto para as pessoas como foi, normalmente ouço "Parabéns! Eu não acreditava que você conseguiria", ou então "Nossa, você é louca, corajosa, mas louca!"


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Aí o bicho começou a pegar!

Era umas 16h e a contração vinha forte! Parecia que a pele estava descolando das minhas costas! O Dr. Edson foi se trocar. Trouxeram uma maca para dentro do quarto, para me levar ao Centro Cirúrgico. Me apoiei na beirada da cama e involuntariamente fiz força.

A partir desse ponto, foi tudo muito louco!

A Karen abaixou e viu a cabeça da Angelina. Nosso diálogo foi mais ou menos assim:

- Não faz força Priscila, sobe na cama, pra gente te transferir pra maca e te levarmos ao Centro Cirúrgico.
- Não tem como não fazer força!
- Sobe na cama!
- Não dá! Eu não quero, não consigo!
(O Arthur disse que eu tava me transformando em Gremlin)
- Não faz força!
(Alguém me colocou na cama. Nisso, o Edson entra no quarto)
- Vixe! Vai ser aqui mesmo, não dá tempo de ir pro Centro Cirúrgico. Traz as coisas.

Foi um vuco-vuco, enfermeiros entrando e saindo do quarto, um médico japonês ficou de sentinela na porta (um pouco antes ele também tinha assumido o plantão e veio me conhecer), as contrações em nível "fatality", marido com os olhos arregalados!

O que lembro dessa parte, é o Edson mandando o Arthur tirar foto, a Karen segurando a minha mão e a vontade de fazer força, enorme, que vinha. Ainda nisso, consegui raciocinar, pois a cama estava do lado da janela e tinha uma cortina. Se eu me segurasse na cortina, ia arrancar ela, com trilho e tudo, e ia cair na cabeça de todo mundo. Me segurei num vão de parede e fiz força. Como nunca tinha feito na vida!

Ouvi o som mais engraçado que poderia ter ouvido naquela hora. O estouro de um champagne. Isso mesmo. A Angelina nascendo, o barulho foi semelhante ao de uma rolha saindo de uma garrafa!




15h15. 8 cm. Yes!

Eu estava deitada após mais um cardiotoco. O Dr. Edson me diz que falta pouco. Ele propõe que rompêssemos a bolsa, assim "em 20, 30 minutos no máximo, ela nasce". Eu havia me levantado e ele completa "só que pra romper, tem que ser na próxima contração".

Puta falta de sacanagem...

Eu digo que beleza. A Karen traz os materiais, me deito de novo e... vem a contração. Respiro ufa, ufa, ufa e seguro na mão do Arthur. O médico rompe a bolsa com uma agulha que parece ser de tricô. Tinha uma comadre debaixo de mim, para onde escorreu o líquido da bolsa. Segundo o Edson, estava amarelinho, bonito, limpo.

Perguntei se eu podia levantar e andar. Ele disse que não tinha problemas.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Banho morno e bola de pilates

O tempo entre as contrações só diminuía. Resolvi ir pro chuveiro. A água morna batia nas minhas costas e era tão bom...

14h o Edson apareceu com uma bola de pilates. Lembro que sai do chuveiro, olhei pra ele e disse "E aí?" e ele respondeu "você que me diz". Falei pra ele e pro Arthur quantos pisos tinha no quarto. Eles dois contaram pra confirmar... Tive outra contração e me sacudi. Eles observavam.

A Karen comentou que normalmente as mulheres em TP, quando tem contração, em vez de andar, se movimentar como eu estava fazendo, elas se retraiam, o que atrapalhava bastante a dilatação.

O Edson falou pro Arthur encher a bola e me ensinou alguns exercícios de agachamento que eu poderia fazer na beirada da cama. Que elasticidade do doutor! Abaixou e levantou e não estralou nada! Orientou a Karen a fazer outro cardiotoco e saiu de novo.

Tomei banho de novo enquanto o marido enchia a bola. Fiz o cardiotoco. Suportar as contrações deitada era pior, bem pior. Doía muito mais e eu ainda tinha que apertar o diacho do botão.


Sentei na bola e ia rebolando, segurando a mão do Arthur. As contrações de 4 em 4 minutos. As costas pegavam fogo. Teve uma contração-bruta-filha-de-uma-mãe que eu olhei pra cara do marido e disse: "Não vou desistir!"
 
Ele jura que eu apertei tanto a mão dele, que a vontade que ele tinha era de me dar uns petelecos!
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

2 copos de vitamina e um beijo na copeira

Esqueci de mencionar que o consultório do Edson é próximo da maternidade. Ele ia e vinha nos ver de hora em hora. Apareceu por volta das 12h30. Me avaliou e disse que eu estava com 6 para 7 cm de dilatação. Nada de bolsa romper. Chegou o almoço para o marido. Cheiro de fome!

Nesse meio tempo, havia se apresentado a enfermeira-chefe do plantão da tarde. A Karen. Uma menina super gente boa! Ela trabalhou com parto humanizado em Apucarana e estava achando o máximo nós querermos o PN.

O médico anuncia que vai almoçar. Questionei se todo mundo ia comer, menos eu. Aí o Edson liberou. Mais um ponto pra ele =)

Nisso, a Karen perguntou o que eu queria comer. Brinquei (mas, se colasse eu ia achar ótimo!) que queria um Big Mac, com coca e batata grandes, ou então um copo de café com leite. Ela então me disse para tomar algo gelado e teve a ideia de um suco. Massssssssssssssssss, a copeira fofa, trouxe algo melhor: 2 COPÕES DE VITAMINA!!!

Que delíciaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Tão gostoso, tão geladinho, nossa! Não sei se era fome, mas tava tão bom aquilo! Dei um beijo na copeira. Foi um agradecimento sincero.

Mais um cardiotoco. Só que agora quem fazia era a Karen. A Edna já estava entregando o plantão.

Memória zero

Fomos para o novo quarto. 02, logo no início do corredor. A janela dá pra rua. De lá, podíamos cuidar do carro que estava estacionado lá fora.

Eu que sou tão organizada, que deixei minha mala pronta há mais de 15 dias, havia esquecido a carteirinha do pré-natal, meu último ultrassom, a carta da reumatologista (depois eu explico) e meu bloquinho de anotações. Meu bloquinho, gente! Que me acompanhou a todas as consultas! Que tem as perguntas que fiz e as respostas que o Dr. Edson me deu (que dá quase outro blog!!!). Aí, pedi para o marido ligar em casa e pedir para o meu irmão (aquele que está de férias) levar até o hospital.

Outra contração. Mais balanço. 10h. Dr. Edson vem me examinar. 5cm. Meu irmão chega com os documentos. Cardiotoco de novo. Lá vem a Edna! As contrações começam a ficar mais "tensas". Uma garoa fina caía lá fora.

Nesse meio tempo, recebo uma mensagem da Bruna, pedindo para eu montar o cardápio, que iria em cima das mesas, da festa de Bodas de Pérola dos pais dela. Ela está sem Corel Draw. Dou risada alto! Tive outra contração que me fez parar de rir e começar a balançar. Essa foi a primeira vez que apertei os braços do marido com a unha (desculpa Amor!).

Pedi para o marido mandar resposta, explicando que eu bem que queria ajudar, afinal estava programado na minha cabeça e agenda, estar presente na festa e "dançar até o chão" - tudo para contribuir com o TP, que eu pensava que ia demorar mais uma semana, pelo menos.

Também pedi para o marido avisar uma amigona que trabalha comigo, a Sirlei, que também estava grávida, contando os dias para a chegada da Gabriella. A Si se encarregaria de contar para a empresa, que estava parindo. Mandei uma mensagem pra minha estagiária amada, #partiumaternidade e demorou muuuuuuuuuito pra ela entender kaoakoakoa Filhota, você é hilária! E mandei pra Fran, pra avisar outras amigas malucas que tenho. Quase um evento gente!

Fomos andar de novo pelo hospital. Me lembro de ter vindo outra contração e eu abracei uma moça no corredor. Foi um abraço tão gostoso. Depois vi um crachá. Era funcionária. Falei pro marido "menos mal, afinal ela já deve ter visto cenas semelhantes". Assim, continuamos em Trabalho de Parto.

Andamos até o berçário. O marido da mãe do Heitor, olhou para o Arthur e disse: "Véio... para com o sofrimento da sua mulher, faz logo uma cesárea". O Arthur respondeu com um sorriso enquanto eu tinha outra contração: "É ela que quer, eu só apoio". LINDO!!!

sábado, 9 de novembro de 2013

Falando em caminhar...

Depois que o Edson me examinou e disse que era questão de horas para a neném nascer, providenciaram um quarto para me internar e o Arthur foi cuidar da papelada. Fui caminhando até o quarto, próximo do Centro Cirúrgico e do Berçário. No quarto tinha outra paciente internada, que havia ganho, por cesárea, o Heitor. Pequenino, nasceu prematuro e não estava mamando, o que causava desespero na mãe. A acompanhante (julguei ser a mãe da paciente) dizia palavras de consolo. Olhavam pra mim, com cara de espanto ao saber que eu buscava meu PN.

Tive outra contração e fui para o banheiro dançar, para evitar que ela ficasse mais ansiosa. Veio uma outra enfermeira medir minha pressão e temperatura. Essa enfermeira disse que iam providenciar um outro quarto pra mim, pra eu ficar sozinha, assim eu poderia ficar mais a vontade.

Resolvi andar pelo corredor da maternidade. De mãos dadas com o marido, fomos "passear". Uma senhora olhou pra mim e disse: "minha neta já nasceu e você ainda está assim. Eu vi a hora que você chegou"... Sabe aquele meu olhar? O Arthur disse que eu o lancei pra ela e fiz sinal de positivo. Na verdade eu queria mostrar outro dedo, mas mesmo em Trabalho de Parto (TP), a educação que mamãe deu ainda valia.

Continuamos andando. Quando veio outra contração, abracei o Arthur e balançamos juntos. FODA-SE que estávamos no corredor da maternidade e várias pessoas olhavam e balançavam a cabeça em sinal de reprovação.

Era 8h40 da manhã +/- e eu estava entrando na PARTOLÂNDIA =)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Mêsversário =)


Um mês, 30 dias, 4 semanas, 720 horas ou sei lá quantos minutos

Dando uma pausa no relato do meu parto, que como diz a Raquel “está sendo em doses homeopáticas”, quero falar hoje do mêsversário da Angelina =)

Passou rápido! Foram dias intensos. Aprendi que agora não adianta eu cronometrar tudo, pois o relógio não bate. Aprendi que o nosso tempo é diferente. Que enquanto uma está descobrindo o mundo fora da barriga, a outra precisa desacelerar para poder apresentar esse mundo novo.


Entendi que chorar é um meio de comunicação muito eficaz! E que com os dias, a diferença da entonação do choro, é como a entonação da nossa voz quando falamos. Claro que tudo isso, eu havia lido, estudado, pesquisado. Mas, na prática é outra conversa.

Entendi que é preciso aprender a dormir e a mamar. Que problemas surgem com coisas tão simples e que te deixa aterrorizada! Que é preciso ouvir a voz da experiência que está por perto, mas que também é necessário seguir o instinto e, principalmente, o coração.

O parto, sinceramente agora eu vejo, foi a parte mais fácil!

Aprendi demais com você neste mês, meu pequeno anjo, minha Angelina. Feliz mesversário!!!

Quero aprender e entender muito mais!

Bjim da mamãe <3

Cardiotoco

Dr. Edson chegou uns 20 minutos depois. Cumprimentou o outro médico e me avaliou novamente. 3 para 4 cm! O negócio estava evoluindo rápido para nossa alegria!

Ele pediu para outra enfermeira colocar o cardiotoco em mim e escutamos os batimentos da Angelina. Eu tinha que apertar um botão a cada contração ou que eu sentisse a neném mexer. O tempo entre as contrações estava diminuindo. 7 em 7 minutos e duravam quase dois minutos. Sempre medidas pelo Arthur com o auxílio do programinha do celular.

Sentir a dor que era debaixo da barriga e um queimor que vinha das costas, e ainda, apertar um botão quando sentia isso, era informação demais pra mim! Mas, se tá na chuva, vamos se molhar.

Essa enfermeira que colocou o cardiotoco, era grandona, a Edna. super sarrista e gente boa. A cada contração ela dizia "tadinha, aguenta firme" e fazia uma piada, ou contava um causo pra me distrair. Durou 10 minutos o exame.

Eu e o Arthur fizemos amizade com ela e posso dizer que nos divertimos a cada uma hora, para fazer o cardiotoco. Os últimos exames, o marido mesmo já colocava e retirava o aparelho de mim. A Edna foi camarada, me deu mais uma camisola, que vesti ao contrário, com a abertura pra frente, assim, minha bunda não ficava exposta cada vez que eu caminhava pelo hospital.

domingo, 3 de novembro de 2013

Momentos que você quer dar uma porrada em alguém

PAUSA

Quem me conhece sabe que quando fico brava - o que não é raro - demonstro facilmente. Diz minha mãe que minha feição se transforma!

A enfermeira mandou eu me trocar e me deu uma daquelas camisolas aberta nas costas. Também mandou eu tirar a aliança e os brincos. Como demorei um pouco, pois nesse meio tempo tive outra contração, a enfermeira resolveu tirar os meus brincos e quase arrancou a minha orelha!!! Aí, quando ela viu que eu poderia furar os olhos dela, gentilmente (só que não), ela disse "você mesma quer tirar?", e eu retirei os brincos (que não atrapalhava em nada o meu PN, só pra constar).

PLAY

Como o Dr. Edson ainda não havia chego, o Dr. Velhinho-fofinho resolveu me examinar. A enfermeira nada fofa me ajudou a subir na maca e auscultou os batimentos da neném. Em seguida o médico fez o exame de toque: 3 cm de dilatação =)

Meus olhos brilharam e o Arthur sorriu com a minha felicidade.
Estava começando de verdade o meu trabalho de parto!