quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Filho que nasce no coração

Eu sempre quis entender o por que dos meus pais terem em casa, além dos filhos, alguém mais para criar. Admito que, por muitas vezes, isso me irritou profundamente, afinal, o tempo livre deles, que eu já tinha que dividir com os meus irmãos, eu tinha que dividir com pessoas que nem laços de sangue tinham comigo.

São algumas histórias bem loucas que já aconteceram na nossa vida. Lembro quando morávamos em São José dos Pinhais (PR), de uma mulher que era conhecida. Disse que precisava deixar o filho dela com a minha mãe para encontrar o marido não sei onde e já voltava. O “já voltava dela” demorou mais de um mês. Meu pai, por vezes, foi à casa deles e chamava, batia e ninguém atendia. Por fim, um belo dia, a mãe e o pai apareceram com a maior cara lavada em casa e levaram o menino. Por um lado, fiquei aliviada. Por outro, vi meus pais dando uma dura no casal, por terem feito aquilo, mas com dor no coração de deixar o menino ir.

Tivemos uma empregada, que era mãe solteira de dois filhos. Meus pais arrumaram uma casa que tinha no fundo do nosso mercadinho. Os meninos eram terríveissssssssssssssss. A Anita não dava conta deles. O argumento para eles irem para a escola, é que ela ia “chamar o Jair ou a Cida”. E meus pais ajudavam em lição de casa e na educação deles dois.

Minha mãe trabalhou na escola que eu e meus irmãos estudamos em São Paulo. Era a “Tia Cida”. Alimentou muita criança da favela, que a única refeição era a merenda escolar. Guardou muita arma e drogas dos alunos do noturno, para eles estudarem, e devolvia na hora da saída. Conivência com o crime? Não. Eu diria respeito pelo outro, assim como eles a respeitavam.

Acho que acabei herdando um pouco disso dos meus pais. Tenho filhos que nasceram no meu coração. Com quem eu me preocupo, aconselho, penso, de verdade. Pessoas maravilhosas que tenho um carinho bem grande. São ex-alunos, são ex-estagiários, são amigos que, muitas vezes, me sinto no dever de fazer algo, dizer alguma coisa, que os ajudem a, pelo menos, pensar numa outra direção. Talvez isso seja aconselhar... pode ser... como uma mãe faria.

Fora, é claro, os sobrinhos. Filhos dos nossos irmãos, que quando nascem, acabam sendo nossos também. A "minha" mais velha é a Rafaela, que quando eu soube que seria uma menina, morri de ciúmes em perder meu posto, mas hoje é minha super companheira. Tenho a Giovanna, minha Gigi, que é bem amorosa, o Júlio que é terrível, e a caçulinha, a Catarina. Amo duas vezes, afinal é filha do meu irmão caçula e também da minha amiga de adolescência, que virou cunhada!

A Eliane Maio diz que eu sou uma esponja rsrs que eu tomo pra mim, problemas que não são meus. A Angelis também reforça isso rsrs. Mas, fala pra mim: se a gente tá aqui nesse mundão de meu Deus e não podemos “perder” nosso tempo, pensando/ajudando o outro, qual o real sentido da vida, hein?

Um dia, depois que parir meu terceiro filho, quero adotar o quarto. Não importa a idade, a cor, o sexo, nada. Quero uma criança para eu dar amor, para eu ajudar a achar o seu caminho e, assim, caminharmos juntos, até quando Deus quiser...

Para meus filhos de coração, mamys tá aqui. Sempre ;)




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