Eu e o Arthur, agora concretamente, tínhamos a nossa filha. Para pegar, cheirar, embalar, olhar, cuidar, enfim... demonstrar como a gente pode, o nosso amor.
Afinal, na minha cabeça, assim como me preparei para o parto, eu tinha certeza que seria uma "vaca leiteira" e que conseguiria amamentar facilmente, como aquelas negonas grandonas que eram mães de leite.
Mas, a coisa não foi bem assim...
Segunda e terça o Arthur ainda estava em casa de licença paternidade. Na terça, a Angelina teve sua primeira aventura: passear nas Lojas Americanas. Eu, ela, minha mãe e o Arthur, saímos para fazer várias coisas no centro das cidade, e assim foi. O Arthur e a minha mãe passaram no Hospital São Marcos para furar a orelha da Angelina. Dona Cida tirou o brinco da orelha para fazer a "arte". Eu não tive coragem de entrar e fiquei esperando no carro. A tarde passamos na casa da minha sogra e eu comentei com o Arthur a dor que estavam nos meus seios.
Ele, preocupado, queria que eu falasse com o médico, mas fiz diferente: mandei mensagem para a Bruna e para a Angelis. A Angelis tinha me presenteado durante a gravidez com um kit de bucha vegetal e sabonetes especiais para preparar o seio para amamentação. Ela que é mãe do Enrico (fofurinha-delicinha-gostosinho da tia!) e amamentou o pequeno até depois que voltou a trabalhar. Musa inspiradora, com certeza! A Bruna amamenta o Pedro (meu afilhado lindo, cheiroso e fofo) até hoje. Ele está com 1 ano e 8 meses. Meu orgulho! Ninguém melhor que elas para eu pedir socorro. A Bruna respondeu primeiro. Ela disse "se tem dor é por que tem algo errado. Vai no Banco de Leite do HU".
Falei com o marido e lá fomos. Não sabíamos que tinha que marcar horário. Para nossa sorte, uma mãe havia furado e as meninas nos atenderam. Enquanto o marido fazia a ficha, eu entrei pelo corredor, agarrada com a Angelina. Os seios latejavam. Eu só ouvia o barulho da minha rasteirinha batendo no piso liso.
Quando cheguei à sala do Banco de Leite, a Anita me recebeu com um grande sorriso. Expliquei a dor que estava sentindo. O Arthur chegou em seguida e pegou a neném. Me troquei e sentei de frente para a Anita, que começou a examinar o meu seio. No toque dela, a lágrima desceu. Como doía!!!
Ela foi me acalmando e ordenhando meu seio. Havia ingurgitamento. Eu estava produzindo mais leite do que a Angelina conseguia mamar. Conforme a Anita tirava, o leite espirrava para várias direções e a dor aliviava.
A orientação era abandonar a concha - por que como deixa o mamilo molhado e abafado, pode ser uma porta de entrada para fungos - e sempre que possível deixar o seio livre, tipo índia, para sarar a fissura.
No que ela colocou a Angelina no meu seio, doía, mas não tanto como antes. A Anita nos explicou como funcionava a coleta de leite para doação e nos deu um vidro para levar pra casa. Para vocês terem idéia, eu tirava 200 a 300ml de leite em 30 minutos, numa boa. Uma verdadeira vaca, eu disse!
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