quarta-feira, 23 de julho de 2014

Para o meu pai

Ontem foi um dia meio punk. Pra mim, um dia cinza. E nada tem a ver com o tempo lá fora. Tem a ver com o tempo aqui dentro do meu coração.

Infelizmente, nem todo mundo tem a “sorte” em ter uma família legal. Uma boa estrutura. E quando eu falo de estrutura familiar, não estou falando aqui de sexo masculino, sexo feminino, dois filhos e um cachorro. Estou falando de uma estrutura de amor, de companheirismo, de gente feliz, de gente que une na alegria para comemorar e na tristeza para se ajudar. Estou falando de família, no sentido amplo da palavra.

Lá em casa, a estrutura era a convencional. Pai, mãe, quatro filhos. Lembro da época em que tínhamos um zoológico: faziam parte da família a Margarida o Cécil e o Gigante (tartarugas), o gato (que se chamava Gato) e a Gata (que se chamava Gata), o Boby – cachorro – e o Mico (um macaquinho mesmo, que apareceu no quintal e as crianças conseguiram ficar com ele).

Mas, dentre as várias lembranças que tenho, é a dos pais mais maravilhosos do mundo que tenho. Sim, tenho. Por que, mesmo que o Seo Jair não está aqui, de carne e osso, entre nós, todos os ensinamentos dele, estão aqui, presentes no dia-a-dia.

Meus pais nos ensinaram a entrar numa favela e num restaurante de luxo. Nos ensinaram a tratar a todos com respeito, independente de tudo. Mas, também, nos ensinaram a brigar, a discutir, a ser ranheta quando necessário (isso eu aprendi direitinho rsrsrs).

Eu tenho uma mãe PHODA!!! Ótima, maravilhosa! Que é presente, que briga, que xinga, que põe de castigo, que afaga, que diz a verdade, que AMA intensamente seus filhos e agora netos.

Mas, é dele, que hoje eu tô falando. Do meu pai. Do Seo Jair que tanto faz falta. Que quando olho para um avião no céu, lembro dele chegando do aeroporto, cansado de mais um dia de trabalho, mas feliz, por ter “virado o motor do avião e colocado no ar, em segurança, centenas de passageiros”. Saudades do meu pai que nos fez ter um paladar diferenciado. Daqueles que dizia “experimenta, larga de ser bobo!” e ele tinha razão.

Já fazem 12 anos, 6 meses e 15 dias que ele se foi. Pra mim, está viajando, como era de costume devido sua profissão. Pra mim, eles está aqui, do meu ladinho enquanto escrevo este texto. Sorrindo para o “Toquinho” dele. Acho até que a Pipoca, nossa cachorra que também já se foi, está com ele.

O bom mesmo é ter fé. Acreditar que quem morre, não nos deixa, mas sim, nos acompanha para o sempre. Eu acredito SIM, que meu pai, a tia Dorinha e o tio Zé, discutem futebol, falam palavrão, tiram sarro um do outro e cuidam da gente aqui na terra, sentadinhos numa nuvem – tipo o Anjinho, da Turma da Mônica.

Sabe aquela sensação de que tem alguém te amparando? Em algumas situações até simples, quando aquele copo roda, roda, roda e não se espatifa no chão? Que se tivesse caído iria dar trabalho, machucar alguém, etc.? Acredito sim, que ele está comigo. Conosco.

Quando a Angelina nasceu, o Arthur me disse “que pena seu pai não estar aqui para conhecer ela...”, mas eu sei, que antes mesmo da gente, ele já a havia conhecido.

Beijo pai. Sinto sua falta. Pronto, falei!

Pai e Pipoca em Atibaia - 2001

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